domingo, 10 de fevereiro de 2008

A ÁGUIA E O TERROR

Logo após o termino da segunda guerra mundial, com a emergência da bipolarização, do mundo entre as superpotências vencedoras, criando assim a dicotomia entre os Estados Unidos, como superpotência do mundo capitalista, e a União Soviética, superpotência do mundo comunista.
A guerra fria, que foi o choque diplomático entre as superpotências, onde não muito raro ocorreu conflitos militares, porem periféricos, tal como a guerra da Coréia (1950-1953), ou seja, nunca ocorreu um conflito direto entre as superpotências, onde segundo o teórico Noam Chomsky, foi uma guerra feita pelos Estados Unidos, estes interessados apenas em destruir a União Soviética, enquanto que os soviéticos estavam apenas interessados na coexistência, tanto que para provar a sua tese, Chomsky dirá em sua obra, Contendo a Democracia, que a questão da Grécia, onde a guerra fria foi deflagrada oficialmente, foi forjada pelos Estados Unidos, já que Stalin já tinha desistido da Grécia, segundo os acordos da conferencia de Yalta, porem com a deflagração da guerra fria os Estados Unidos puderam investir macicamente na industria bélica, como ficou ratificado no memorando NSC 68, enquanto que para os seus satélites da Europa Ocidental, os Ianques que estimularam a descolonização da África, para transformá-la em base de reconstrução das economias da Europa Ocidental, destruídas pela guerra, enquanto que a América Latina ficou confirmada inteiramente como zona de influencia dos Estados Unidos.

Com o advento da revolução Chinesa de 1949, os Estados Unidos tiveram que investir maciçamente na reconstrução do Japão, na qual os Ianques tinham planejado anteriormente transformá-la em apenas num país dependente com uma economia razoável, tal como um país que conheço..., porem com a Revolução Chinesa os Ianques tiveram que mudar os planos, ou seja, agora era preciso transformar o Japão em um satélite, potência econômica do extremo oriente, para poder contrapor o gigante Chinês. Os Ianques, que também estimularam a descolonização da Ásia, para transformá-la em base de reconstrução da economia japonesa, e para frear o “expansionismo” do gigante soviético, os Estados Unidos se envolveram diretamente nas guerras da Coréia (1950-1953) e do Vietnã (1954-1974), e serviram-se dos produtos japoneses, assim estimulando a sua indústria e consequentemente o seu desenvolvimento econômico, ou seja, a militarização dos Estados Unidos na defesa contra o “perigo comunista”, acabou por reconstruir economicamente a Europa Ocidental (especialmente a Alemanha Ocidental) e o Japão, onde já nos fins da década de 1970, eles já eram grandes concorrentes econômicos dos Estados Unidos, tendo superado-os em alguns setores econômicos, por exemplo, o Japão superou os Estados Unidos na indústria automobilística e na robótica, enquanto que os Alemães os superaram na indústria química, ou seja, o crescimento econômico dos satélites Ianques ocorreu concomitantemente com o inicio da decadência econômica dos Estados Unidos, tal como veremos mais adiante.
Devido a grande inflação da década de 1960, devido aos poucos investimentos na economia domestica, já que os recursos estavam destinados à indústria bélica, e somando a isso tudo a reestruturação econômica da Europa Ocidental e do Japão e também a grande divida externa contraída pelos Estados Unidos, eles viram-se na necessidade de acabar com o capitalismo Keynesiano, ou seja, com o Welfaire State, com a época de ouro do capitalismo, com o estado de bem estar social, com o capitalismo de estado em prol do capitalismo que prima pelos investimentos da iniciativa privada na esfera publica, onde o Estado “enxuga” a sua maquina, privatizando as suas empresas para a iniciativa privada, inclusive setores essenciais da sociedade em si, como a saúde e a educação, que em minha opinião, tem que ser garantidas exclusivamente pelo Estado, ou seja, a substituição do Keynesianismo pelo Neoliberalismo, tendo a crise do petróleo como estopim do falecimento do Keynesianismo. Porem a crise do petróleo foi claramente forjado pelos Estados Unidos, tanto que das setes irmãs do petróleo, ou seja, as empresas que monopolizam a extração e refinamento do petróleo no mundo, cinco são Ianques, como a Chevrom, a Exon, a Móbile e etc., tanto que os maiores beneficiados dessa crise foi o Primeiro Mundo, que delegou esse pesado ônus ao terceiro mundo e os bancos Ianques foram os maiores beneficiados dessa crise, pois os bilhões de dólares que os sheiks árabes lucraram desse aumento dos preços do barril de petróleo, (que foi de U$S 4,00 para U$S 12,00) foram depositados nos bancos ianques, e alem disso as sete irmãs do petróleo já investiam bilhões em outras fontes de energia, especialmente nas renováveis.
Na década de 1980, durante o governo de Reagan, nos Estados Unidos, o mundo pode observar, um significativo aumento de gastos do governo Ianque no pentágono, com o intuito de aniquilar economicamente a União Soviética, que vivia a estagnação e tentava se reestruturar através de medidas como a Perestroika e a Glasnost, durante o governo de Gorbatchev, o que acabou por provocar as ambições de grupos locais por poder, tal como nas republicas bálticas, o que acabou por acelerar o esfacelamento do Estado Soviético, findando-se em 1991.
Já no ano de 1989, com a queda do muro de Berlim, fato que simbolizou a derrota do bloco Soviético, O colapso da URSS em 1991 pegou os EUA de surpresa, pois com o fim da superpotência comunista, os EUA ficaram sem o seu inimigo, aquele que justificava toda a sua política bélica, em detrimento da econômica, pois o colapso do comunismo significou na verdade o colapso do liberalismo, removendo a única justificação ideológica que respaldava a hegemonia americana, uma justificativa tacitamente apoiada pelo adversário ideológico ostensivo do liberalismo. Essa perda de legitimidade conduziu diretamente à invasão do Kuwait pelo Iraque, que o líder iraquiano Saddam Hussein jamais teria ousado se os acordos de Ialta continuassem em vigor, e com a vitória, os Ianques ficaram numa grande duvida abrir mão desse novo e enorme poderio conquistado pelo fato de ser a única superpotência do globo, conquistado à “duras penas”, em prol da democracia e do mundo unipolar, onde a guerra agora é econômica e não militar (note bem, os Estados Unidos desde o fim da década de 1960 encara uma grave recessão econômica, como já foi dito atrás), ou continuar com a sua política bélica, só que agora com novos inimigos.
O povo ficou com a primeira opção, enquanto que uma parte considerável da elite ianque acreditou na segunda opção, já que tinham grandes investimentos na indústria bélica e petrolífera, porem, quem seria esse inimigo em comum do Ocidente?
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial a Ásia Ocidental, conhecida popularmente como Oriente Médio, transformou-se num barril de pólvora, ora pela descolonização, ora pela criação do Estado de Israel (1948), ora por ser o grande reservatório mundial de petróleo (o ouro negro) motor da sociedade mundial atualmente, os Estados Unidos decidiram fazer dessa região em sua zona de influência direta, assim como a América Latina, porem, ficou acordado em Yalta que esta região ficaria sob a influência Soviética, fato que os Estados Unidos não respeitaram, evidentemente. Porem a relação entre o Ocidente Judaico-Cristão e o Oriente Médio Muçulmano nunca foi boa, desde os tempos da conquista da península ibérica pelos omíadas, onde culminou na batalha dos Poitiers, vencida pelos francos, liderados por Carlos Martel em 732, o que culminou na reconquista cristã na península ibérica, que durou cerca de setecentos anos até culminar na conquista de granada em 1492, incluindo nesse mesmo período as cruzadas, voltando à contemporaneidade podemos perceber que o ranço entre o Ocidente Judaico-Cristão e o Oriente Médio Muçulmano é secular, onde é bastante comum tratar os muçulmanos preconceituosamente, onde na maioria das vezes são tratados como infiéis, tal como escreve o historiador Cesari Cantú, na sua obra, História Universal, ou são ocidentalizados, tal como o historiador Perry Anderson, na sua obra, Linhagens do Estado Absolutista, especificamente no capitulo sobre a Casa do Islã, entre outros. E essa relação ficou mais aminosa devido à criação do Estado de Israel (1948) desalojando os Palestinos, que ocupavam o Levante há séculos, em prol da construção de um Estado-Satélite dos Estados Unidos, onde Israel seria, e é a base dos Estados Unidos da região, apoiando assim incondicionalmente as investidas militares de Israel na região, como a tomada dos territórios palestinos, a guerra dos sete dias, a guerra do Yon Kippur entre outros atos terroristas de Israel na região, como o massacre de uma aldeia palestina em 1967, onde as tropas de Israel eram comandadas por Ariel Sharon, tal como diz o paquistanês Tariq Ali, em seus livros, “os Estados Unidos e Israel são Estados terroristas”, onde o mesmo defende que atos como a intifada são atos de ativismo político, assim como os ataques dos homens-bombas e o ataque às torres gêmeas da Word Trade Center e do Pentágono (ambas em 2001), enquanto que para o Ocidente tudo isso não passa de terrorismo, enquanto que os massacres ocorridos pela segunda guerra do Iraque (2003-), tal como a utilização da bomba mostarda, são em prol da luta pelos direitos humanos e pela implantação da democracia no Iraque? Ou será que o verdadeiro objetivo é a recolonização do Iraque, tal como diz Tariq Ali em seu livro, Bush na Babilônia e a Recolonização do Iraque, para obter um imenso reservatório de petróleo, para assim contrapor a hegemonia Saudita na OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) logo conseguindo contrapô-los na determinação do preço do barril de petróleo no mercado internacional? Já que as suas reservas e jazidas internas de petróleo já estão no fim.
A relação entre o Ocidente Judaico-Cristão e o Oriente Médio Muçulmano é tão complicada que frequentemente os aliados dos Estados Unidos se transformam em inimigos deste, tal como foi no caso do Irã, quando o Xá Reza Pavheli era aliado, pois atendia os interesses Ianques incondicionalmente, renegando a do povo iraniano, ate que em 1980 ocorreu a revolução Islâmica, que depôs o Xá e colocou no poder os ialatolás, como o Kolmeini, que para os Estados Unidos não passou de um terrorista, assim como a atual chefe de estado do Irã, Marmud Ahmadinejad, tanto que os Estados Unidos estão querendo entrar em guerra com o Irã “terrorista”, assim como fizeram com o Iraque, que no inicio era aliado Ianque, tanto que os Estados Unidos armaram o Saddan Hussein e fizeram o Iraque de base na guerra Iraque-Irã (1980-1988), porem quando Saddan não serviu mais aos interesses Ianques na região foi anulado na guerra do Golfo e eliminado na atual Guerra do Iraque, pois na ótica Ianque se um tirano for aliado, ele é moderado, se é inimigo, ele é terrorista, pois na ótica dos Estados Unidos é melhor ter que lidar com Mussolini, Pinochet ou Mobutu do que ter que lidar com um Lênin, Jango ou Fidel Castro.

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