domingo, 24 de fevereiro de 2008

VIP

Não tem nada que me irrite mais em eventos do que saber das chamadasáreas VIP. Aqui no Brasil se tornou comum a idolatria por essa sigla -Very Important Person - e brotam como flores os eventos que, pormenores que sejam, sempre tem a bendita área VIP.Quem trabalha com produção cultural sabe que é necessário paraqualquer evento chamar certas pessoas-chave.


Geralmente nessa lista deconvidados incluem pessoas que trabalharam no evento, financiaram omesmo de alguma forma, enfim. É puramente comercial o sentido dapresença certas pessoas nos eventos, para fechar parcerias, acordos,etc. Às vezes, é necessário uma ou outra pessoa conhecida do grandepúblico para fins publicitários. Mas são convidados, como já disse, apresença deles tem uma função comercial, estratégica. E o atendimentoà essas pessoas é chamado de "especial" por isso. Isso significa quese o figurão tem dinheiro, porém não está na lista VIP - porque elenão é interessante para o evento - compra seu camarote e fica na sua.Mas aqui no Brasil, a área VIP ganhou um outro sentido.De uns tempos para cá eu tenho notado que as áreas VIP se tornarammaiores. Absurdamente maiores. Pra tudo tem área VIP gigante. Até aí,nada "de mais", se não fosse por um porém: a obrigação de, em todoevento de grande porte, haver uma área só para as chamadas"celebridades" (entende-se por "celebridade" no Brasil aquela pessoarealiza coisas irrelevantes, como atuar mal, porém sexy, em algumanovela, apresenta programa de tv, posa nu\nua, dentre outras"qualidades, mas que graças à mídia nacional ganha uma projeçãoabusrda dentro do país, mas não consegue ir além das fronteiras ouporque é muito ruim ou porque não se interessa - já que é popular osuficiente por aqui - ou porque não tem nada de interessante mesmo). Ajá conhecida área VIP, com uma nova roupagem.Já vi essa modalidade de área VIP em todos os tipo de evento. É sério.Desde megaconcertos (sejam eles gratuitos ou não), passando porcorrida de fórmula 1 e culminando no futebol. Em todos os eventosditos culturais de grande porte tão eles lá. E junto à essa moda deárea VIP veio um vício horroroso "importado" da Bahia: os "abadás".O "abadá" é uma palavra que vem do iorubá e é uma espécie de bata queos escravos vestiam; o mesmo nome também é usado para designar a roupado capoerista. Mas hoje, "abadá" virou sinônimo de uniforme. Isso é,são aquelas camisa-convite (que por si só não bastam, tem eventos quetambém precisam de pulseira de identificação e\ ou credencial). Nestacamisa-convite costuma haver o nome do evento e uma peeeeenca depatrocinadores responsáveis pelo evento. E são distrubuídas aos baldesàs "celebridades" tupiniquins. São "convites" disputados à tapas, àscustas de muita humilhação, porque graças à elas, o dito\a cuja podedesfrutar do tratamento VIP DE GRAÇA - senão, cadê a vantagem?? - edar uma "forcinha" publicitária no evento. Não interessa se oconvidado tem ou não o perfil do evento. Pouco importa se ele ajudaráde alguma maneira a realização do próximo show, jogo, ou corrida. Naverdade, não contribuem pra nada nesse sentido. São um bando depseudofamosos, sem relevância para o evento. (AH!!! E de onde sai odinheiro para convidar tanta gente!?? HEIM???)Entretanto, graças à nossa mídia, esses pseudofamosos são tachados de"importantes".E pra variar, nosso povo reproduz igualzinho.Se alguém está organizando um grande churrasco, alguma festa, ondehaverá a diferença entre o valor cobrado e o não cobrado, é certo deencontrar uma área VIP. Quem não paga, entra sem filas e come e bebebem a noite toda é importante. Mesmo não fazendo absolutamente nada. Éfácil observar que é idêntico quando se percebe que muitas pessoas seesquecem de si para ser VIP em uma festa.O problema não é o evento ser grande ou pequeno. O problema está naquestão no que se entende "ser importante, ser especial, serindispensável". Ser VIP, em nossa sociedade é ser superior. É estaracima do bem e do mal. É o "culto à personalidade" do qual Adornotanto falou no século passado, é a idéia capitalista de "sucesso" - otopo é para poucos - enfim, a área VIP é um dos melhores exemplos paraobservar tudo isso e muito mais.É por essas e outras que eu ABOMINO todas essas áreas VIP queapareceram e as que vão aparecer. É por questões políticas, sociais,culturais! Quero ir à eventos longe dessa gente que não presta paranada, que não criam nada! Que só disseminam a ideologia dominante! Nãome empurrem essas pessoas!!! Quero o fim das áreas VIP! Very InutilPerson!!!

1 comentários:

Labanca disse...

eu não sabia da existencia deste blog... tah maneiro!